Ensaio Sobre o Livro ''Poética" de Aristóteles


A “Poética” de Aristóteles (323 a.C) é uma obra peculiar e complexa. Chegamos à conclusão de que não é por acaso a sua visibilidade e relevância nos dias de hoje, apesar do conteúdo fragmentado, acidental e compilado por seus discípulos. São relativamente poucas páginas de reflexão, porém suficientes para serem utilizadas como manual de referência na construção de histórias, detalhadas e dotadas de reviravoltas, quando o assunto é arte (poesia, teatro, pintura, produção cinematográfica, dança, música, etc.).
Se você, apreciador das raízes da arte literária, tiver a curiosidade de entrar no universo da dramaturgia autêntica, poderá observar que muitas das cenas são construídas com uma pitada aristotélica para desencadear no telespectador sentimentos de emoção, temor, compaixão, empatia, alívio ou revolta por intermédio da ação humana, ali representada.  O objetivo, segundo o filósofo grego, é retratar a realidade como é, de fato, a partir da imitação – Mimesis ou Mimese. Além disso, tente imaginar também a ação de imitar como um processo natural do homem, já que este cresceu sob a perspectiva de observar e reproduzir comportamentos alheios, como um processo de aprendizagem e prazer, comum a todos os seres humanos que se dá pelo ritmo, pela linguagem e melodia. Interessante, não?
Aristóteles diz que devemos seguir algumas regras no uso das palavras ao imitar a vida real, sem perder a essência, a originalidade. Desta forma, quem desenvolve o enredo de uma peça teatral pode ser considerado um poeta, ou seja, aquele sujeito capaz de levar o espectador à Katharsis ou Catarse – condição de “purificação” das almas, de descarga de sentimentos e emoções, boas ou ruins, em resposta à trajetória do herói, por exemplo, cujo percurso de lutas, injustiças e incertezas é finalmente recompensado por aquilo que vivenciou. 
A obra cita o gênero Tragédia como um fenômeno que traduz fielmente o significado de uma perfeita composição do texto poético:

É a imitação de uma acção elevada e completa, dotada de extensão, numa linguagem embelezada por formas diferentes em cada uma das suas partes, que se serve de acção e não da narração e que, por meio da compaixão (elos) e do temor (phobos), provoca a purificação (katharsis) de tais paixões. (p.12)


Para complementar sua pesquisa, segue um vídeo muito interessante sobre o tema:


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